“É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma”
Esta frase é, como é sabido, da autoria do escritor italiano, Giuseppe Tomaso di Lampedusa.
Frase que me foi parafraseada pela primeira vez na minha juventude. – Pretendia-se assim tipificar o comportamento político do estadista e ditador português, António de Oliveira Salazar.
Tenho actualmente 51 anos e desde então, aqui e ali, oiço a célebre frase, inevitavelmente dirigida à acção dos políticos.
Antigamente, a frase encaixava que nem uma luva. Salazar, líder de um regime autoritário, desenvolveu metodologias fascizantes que, iludindo-se a si mesmo, tentava enganar o Zé-Povinho. Recordo-me da greve da Carris em que poucos foram detidos e todos foram aumentados, vinte escudos no seu salário, e em que algum tempo depois “representantes dos trabalhadores” foram a São Bento agradecer ao ditador. Recordo-me também daquilo que foi a defesa intransigente da sua política colonialista que se consubstanciou numa política de isolamento internacional embora o que nos tenha sido transmitido tenha sido a defesa da unidade nacional sob o lema nacionalista “Orgulhosamente sós”. Lembro-me de tanta coisa… para além daquilo que o regime fazia e não era dada qualquer explicação… Recordo-me daquilo que foi, provavelmente, a maior humilhação infligida aos portugueses pelo regime e que antecedeu a sua queda. Refiro-me à substituição de Salazar por Marcelo Caetano. Salazar acabou por ser vítima da sua própria estratégia fascizante. - Adoeceu. Ficou incapacitado física e intelectualmente. Faleceu, anos depois. Não lhe deram a dignidade de saber que já não governava Portugal. Nunca ninguém o ousou fazer. – Os que com ele privavam diariamente fizeram-lhe crer que ainda continuava a governar.
Esta frase é, como é sabido, da autoria do escritor italiano, Giuseppe Tomaso di Lampedusa.
Frase que me foi parafraseada pela primeira vez na minha juventude. – Pretendia-se assim tipificar o comportamento político do estadista e ditador português, António de Oliveira Salazar.
Tenho actualmente 51 anos e desde então, aqui e ali, oiço a célebre frase, inevitavelmente dirigida à acção dos políticos.
Antigamente, a frase encaixava que nem uma luva. Salazar, líder de um regime autoritário, desenvolveu metodologias fascizantes que, iludindo-se a si mesmo, tentava enganar o Zé-Povinho. Recordo-me da greve da Carris em que poucos foram detidos e todos foram aumentados, vinte escudos no seu salário, e em que algum tempo depois “representantes dos trabalhadores” foram a São Bento agradecer ao ditador. Recordo-me também daquilo que foi a defesa intransigente da sua política colonialista que se consubstanciou numa política de isolamento internacional embora o que nos tenha sido transmitido tenha sido a defesa da unidade nacional sob o lema nacionalista “Orgulhosamente sós”. Lembro-me de tanta coisa… para além daquilo que o regime fazia e não era dada qualquer explicação… Recordo-me daquilo que foi, provavelmente, a maior humilhação infligida aos portugueses pelo regime e que antecedeu a sua queda. Refiro-me à substituição de Salazar por Marcelo Caetano. Salazar acabou por ser vítima da sua própria estratégia fascizante. - Adoeceu. Ficou incapacitado física e intelectualmente. Faleceu, anos depois. Não lhe deram a dignidade de saber que já não governava Portugal. Nunca ninguém o ousou fazer. – Os que com ele privavam diariamente fizeram-lhe crer que ainda continuava a governar.
Mas então e hoje?!
Porque motivo continuamos a ilustrar a actividade politica com a célebre frase “é preciso que…. para que tudo fique na mesma”?
Será que continuamos a assistir a políticas de disfarce?!
Bem,
Fizemos a revolução dos cravos…
Aprovámos uma Constituição (Lei fundamental da Republica) …
Aderimos à Comunidade Económica Europeia…
Consolidámos a Democracia… (de contrário seria impossível dizer o que aqui escrevo)
Ora, então se adoptámos aquelas premissas após o fim do regime Salazarista em que nada ficou na mesma, porque continuamos a proferir a célebre frase?!
… Prometo voltar ao assunto.
Porque motivo continuamos a ilustrar a actividade politica com a célebre frase “é preciso que…. para que tudo fique na mesma”?
Será que continuamos a assistir a políticas de disfarce?!
Bem,
Fizemos a revolução dos cravos…
Aprovámos uma Constituição (Lei fundamental da Republica) …
Aderimos à Comunidade Económica Europeia…
Consolidámos a Democracia… (de contrário seria impossível dizer o que aqui escrevo)
Ora, então se adoptámos aquelas premissas após o fim do regime Salazarista em que nada ficou na mesma, porque continuamos a proferir a célebre frase?!
… Prometo voltar ao assunto.
2 comentários:
Amigo Femané
Parabéns pelo seu blog!
Ainda não tive tempo de ler tudo, mas pela graça de Deus, o farei.
Foi a minha neta que me mostrou o caminho.
tenho muito que aprender com as pessoas minhas amigas.
Será que nada ficou na mesma? Ou que se mudou algo para que o domínio do grande capital continue, agora com o aval daquilo a que chamam o "voto popular" legitimador? Em meu entender a frase "É preciso que algo mude (ou que tudo mude, ver O Leopardo) para que tudo fique na mesma" é uma frase elíptica, na medida em que se omite o adjectivo essencial. "É preciso que tudo mude, para que tudo do essencial fique na mesma". E ficou, como sentimos na pele...
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