quarta-feira, agosto 26, 2009

segunda-feira, agosto 24, 2009

momento ZEN


“É só nos sentidos que procede toda a autenticidade,
toda a boa consciência,
toda a evidência da verdade.”

Friedrich Nietzsche

sábado, agosto 22, 2009

POESIA PORTUGUESA, breve história

Image: Mário Cesariny - Óleo sobre cartão
Antes da fundação da nacionalidade portuguesa já florescia, no Nordeste da Península Ibérica, uma forma de poesia de amor que se destinava ser cantada. A nossa poesia primitiva não tardou, porém, a ser influenciada pelo lirismo provençal, embora manifestasse desde logo feição bem característica. Os jograis, que, durante a Idade Média, iam de corte em corte e de casa em casa, entoando, ao som do alaúde e da cítara, ingénuas e belas poesias de amor, facilitaram a expansão do lirismo provençal por toda a Europa. As composições classificaram-se em cantigas de amigo, poemas em que a mulher se dirigia ao amado de quem estava afastada, e cantigas de amor, em que é o homem quem fala à mulher ou o faz em primeiro lugar e sempre em louvor da pessoa amada. As cantigas de escárnio e de maldizer tinham um sabor acentuadamente peninsular, embora os Franceses também cultivassem a canção satírica, a que chamavam sirvantês. A mais velha cantiga de amigo que chegou até nós é atribuída a D. Sancho I. As mais antigas trovas que possuímos são, todavia, de Paio Soares de Taveirós, natural da Galiza. O apogeu do trovadorismo português verifica-se nos reinados de D. Afonso III e de D. Dinis, sendo o último monarca o nosso maior trovador. As canções dos trovadores foram recolhidas em colecções a que se chamou cancioneiros. Chegaram até nós apenas três desses cancioneiros, que são designados por Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e da Biblioteca Nacional de Lisboa. A decadência da poesia trovadoresca foi, como a sua expansão, um fenómeno europeu. Só no começo do século XV, no reinado de D. João I, a poesia voltará a ter, entre nós, muitos e bons cultores. É a época da poesia palaciana, que se diferencia da poesia trovadoresca pelo seu estilo mais culto. Os temas, até aí confinados ao saudosismo amoroso e à sátira chocarreira, tornam-se mais complexos e variados. As produções destes poetas estão compiladas no Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende. No século XVI assiste-se, em toda a Europa, ao renascimento das literaturas greco-romanas, que logo exerce, na Europa, uma total influência em todas as manifestações cultas. Em Portugal, como noutras nações meridionais, a tradição greco-latina nunca se perdera completamente. É Sá de Miranda, que viveu entre 1481 e 1558, quem introduz o classicismo em Portugal. Poeta fecundo, embora pouco espontâneo, a sua poesia caracteriza-se por uma apreciável perfeição formal, não obstante as suas composições pecarem, com frequência, por falta naturalidade. Gil Vicente é outro grande poeta português do século XVI. Muitos dos seus autos, especialmente os religiosos, são em verso. Inspira-se nos cantares tradicionais do povo e no que neles subsistia das cantigas de amigo; os seus versos têm, por vezes, um sabor nitidamente popular. Serve-se da forma métrica medieval para exprimir um naturalismo poderoso e renovado. Bernardim Ribeiro e Cristóvão Falcão são os poetas da saudade e da melancolia amorosas, tão caracteristicamente portuguesas. Merecem também referência especial, entre os poetas quinhentistas, António Ferreira, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz. Luís de Camões, o maior poeta português e um dos maiores poetas de todas as literaturas, é tão grande na poesia épica como na poesia lírica. No século XVII, por influência do poeta espanhol Luís de Gôngora, tornou-se comum na Europa um estilo afectado, rico em trocadilhos e hipérboles, chamado gongorismo. A mais notável colecção de poesias da época é a Félix Renascida, em que colaboraram, entre outros, Francisco Rodrigues Lobo e D. Francisco Manuel de Melo. No século XVIII surgem as academias literárias, onde poetas e escritores se agrupavam, preconizando o regresso às fontes de inspiração clássica. As principais academias portuguesas foram a Arcádia Lusitana e A Nova Arcádia. À última pertenceu Bocage. No decorrer do século, em Portugal como em toda e Europa, fez-se sentir muito a influência da cultura francesa. António Dinis da Cruz e Silva, por exemplo, no seu poema herói-cómico O Hissope, inspira-se no Lutrin, de Boileau. Correia Garção escreveu, entre outras obras, A Cantata de Dido, clássica pelo assunto e pela forma, mas com um desenlace romântico, que já anuncia a literatura do século XIX. As principais figuras da época são, além de Bocage, Curvo Semedo, Filinto Elísio e a marquesa de Alorna. O maior poeta do século XVIII é Manuel Maria Barbosa du Bocage, notável pela espontaneidade e a perfeição. O seu temperamento já prefigura o romantismo, não obstante a figuração mitológica de muitos dos seus poemas. Tomás António Gonzaga, o autor de Marília de Dirceu, estabelece a transição entre o classicismo e o romantismo. O romantismo domina todo o panorama da literatura da primeira metade do século XIX, até à reacção naturalista. Dá valor preponderante ao sentimento ardente e apaixonado e ao subjectivismo amoroso; esforça-se, também, por valorizar as tradições nacionais, preferindo aos modelos clássicos as sugestões medievais. Almeida Garrett, introdutor do romantismo em Portugal, fez ressurgir a poesia popular, de tradição nacional, na sua compilação Romanceiro. A lírica de Garrett conservar-se-á sempre fiel a esses valores. Nas composições poéticas de Herculano exprime-se um austero sentimento religioso. António Feliciano de Castilho representa, na geração romântica, a sobrevivência do espírito clássico. Os seus versos distinguem-se pelo esmero da forma. Aos românticos seguem-se os ultra-românticos, congregados em volta do Trovador, revista coimbrã. Os seus principais representantes são João de Lemos e Soares de Passos. João de Deus reata, com o seu lirismo simples, a tradição poética portuguesa que vem dos cancioneiros. O amor platónico e a mulher ideal são os principais temas do seu livro Campo de Flores. O realismo poético atinge com Cesário Verde a sua mais alta expressão. Embora tenha pertencido à geração realista, Antero de Quental é sobretudo um poeta de fundo religioso e metafísico. Leitor dos filósofos alemães, os seus versos é, por vezes, uma glosa de ideias filosóficas do seu tempo. Gomes Leal, pela beleza formal dos seus versos, pode ser incluído entre os parnasianos, mas a força e a originalidade da sua expressão lírica prenuncia de certa maneira o aparecimento da poesia moderna. Guerra Junqueiro, além de grande poeta satírico, é também um grande poeta lírico, de forte poder verbal. O parnasianismo reage contra o subjectivismo romântico e enquadra-se no âmbito do movimento realista, ainda que o seu fim seja menos a objectividade do que a pureza artística – o que hoje se chama a arte pela arte. João Penha é o seu principal teórico, devendo também mencionar-se Gonçalves Crespo e António Feijó. Na década de 90 revela-se António Nobre, um dos nossos mais puros líricos. De fundo melancólico, elegíaco e pessimista, os versos do Só reabilitam a realidade quotidiana, transfigurada pelo subjectivismo saudosista do autor. Eugénio de Castro é o poeta que, entre nós, mais fielmente segue as normas da escola simbolista, movimento literário que no fim do século XIX, reagiu contra os exageros do realismo. Também ligado ao simbolismo, Camilo Pessanha é um poeta original, de grande força criadora. O exotismo de alguns dos seus temas não atraiçoa a tradição literária portuguesa. É notável pelo apuramento formal e rítmico. Nas poesias de Augusto Gil deve assinalar-se a simplicidade e a naturalidade da expressão. O fulcro da obra poética de Teixeira de Pascoaes é o saudosismo. Os seus livros, muitas vezes panteístas, caracterizam-se por uma inspiração metafísica e um sentido cósmico pouco vulgares entre nós, fundindo-se neles o génio cristão e o génio pagão. O movimento saudosista foi representado pela revista A Águia. Os sonetos de Florbela Espanca são dos mais sentidos e belos da literatura portuguesa e elevam a uma superior expressão poética a paixão sensual e feminina. Afonso Lopes Vieira continua a tradição nacionalista de Garrett e Nobre, em versos belos e equilibrados, onde ainda se pode discernir a influência do simbolismo, no que respeita ao predomínio da musicalidade. António Boto é um lírico espontâneo e sensível. O modernismo é introduzido em Portugal, em 1915, pelo grupo do Orfeu. Este movimento, profundamente renovador, reagiu contra as formas rígidas que tolhiam a poesia tradicional, dando ao poeta maior liberdade de expressão. Os seus nomes mais representativos são Fernando Pessoa, notável pela sua personalidade complexa e de grande vigor intelectual, e Mário de Sá-Carneiro, um desadaptado em conflito com o mundo, cujos versos são enriquecidos por imagens e expressões novas. Em 1927 é lançada em Coimbra a revista Presença, que pretendia abrir a nossa literatura às correntes estrangeiras, esteticamente mais avançadas. No entanto, os seus poetas mais representativos – José Régio e Miguel Torga – regressaram, de certo modo, às formas tradicionais, de que os seus antecessores, do primeiro modernismo, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, se tinham afastado.

In: Boletim Informativo - Serviços de Bibliotecas
Fundação Calouste Gulbenkian

sexta-feira, agosto 21, 2009

domingo, agosto 16, 2009

Efeito nocivo prolongado da bomba atómica


Células de pessoas que morreram em 1945 continuam a emitir radioactividade

“Este é o efeito de uma bomba atómica: quando acreditas que o pior já passou, ela volta para te assombrar”. O relato é de um dos sobreviventes de 9 de Agosto de 1945, no final da II Guerra Mundial. Katsuji Yoshida tinha 13 anos, nessa altura, e ainda vive em Nagasaki, sem uma orelha, com pele descamada e com costelas partidas que nunca se emendaram.

Os efeitos desta arma explosiva são duradouros e uma equipa de investigadores conseguiu fotografar emissões radioactivas provenientes de células de pessoas que morreram, em 1945, aquando da bomba atómica de Nagasaki.

As imagens são a evidência de que restos mortais de quem a morte foi provocada por razões nucleares continuam a emitir radiações mesmo após passarem mais de 60 anos, segundo explicou Kazuko Shichijo, docente da Universidade de Nagasaki e membro do grupo de cientistas que leva a cabo o estudo.

O estudo sobre os efeitos da exposição interna às radiações tem tido poucos progressos. Esta equipa de investigação é a primeira a conseguir provar que vítimas de bombas atómicas podem ser expostas à radioactividade tanto externa com internamente.

Shichijo e os seus colegas provaram, segundo uma perspectiva patológica, que a exposição era igualmente interna e a descoberta pode agora perceber quais são as consequências na saúde, que antes não tinham sido desvendadas e mesmo ignoradas em Hiroshima e Nagasaki.

Radiação idêntica à de plutónio

A equipa de cientistas analisou amostras anatómicas de sete pessoas entre 20 e 70 anos, que morreram naquela altura, sob uma exposição atómica entre 0,5 e um quilómetro do hipocentro da arma nuclear.

As fotografias tiradas a partículas alpha mostraram radiações de linhas negras vindas de células de ossos, rins e pulmões de vítimas e o resultado determinou que eram idênticas em duração e emissão às do plutónio usado na bomba de Nagasaki.

In: CiênciaHoje

sábado, agosto 15, 2009

O Valor da Ingenuidade

O maior perigo que corre o ingénuo: o de querer ser esperto. Tão ingénuo que cuida, coitado, de que alguma vez no mundo o conhecimento valeu mais do que a ingenuidade de cada um. A ingenuidade é o legítimo segredo de cada qual, é a sua verdadeira idade, é o seu próprio sentimento livre, é a alma do nosso corpo, é a própria luz de toda a nossa resistência moral.

Mas os ingénuos são os primeiros que ignoram a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.

Raríssimos foram e são os ingénuos que se comprometeram um dia para consigo próprios a não competir neste mundo senão consigo mesmos. A grande maioria dos ingénuos desanima logo de entrada e prefere tricher no jogo de honra, do mérito e do valor. São eles as próprias vítimas de si mesmos, os suicidas dos seus legítimos poetas, os grotescos espanatalhos da sua própria esperteza saloia.

Bem-haja o povo que encontrou para o seu idioma esta denunciante expressão da pessoa que é vítima de si mesma: a esperteza saloia. A esperteza saloia representa bem a lição que sofre aquele que não confiou afinal em si mesmo, que desconfiou de si próprio, que se permitiu servir de malícia, a qual como toda a espécie de malícia não perdoa exactamente ao próprio que a foi buscar. Em português a malícia diz-se exactamente por estas palavras: esperteza saloia.

Parecendo tão insignificante, a malícia contudo fere a individualidade humana no mais profundo da integridade do próprio que a usa, porque o distrai da dignidade e da atenção que ele se deve a si mesmo, distrai-o do seu próprio caso pessoal, da sua simpatia ou repulsa, da sua bondade ou da sua maldade, legítimas ambas no seu segredo emocional.

Porque na ingenuidade tudo é de ordem emocional. Tudo. O que não acontece com as outras espécies de conhecimento onde tudo é de ordem intelectual. Na ordem intelectual é possível reatar um caminho que se rompeu. Na ordem emocional, uma vez roto o caminho, já nunca mais se encontrará sequer aquela ponta por onde se rompeu.

O conhecimento é exclusivamente de ordem emocional, embora também lhe sirvam todas as pontas da meada intelectual.

(Almada Negreiros)

segunda-feira, agosto 10, 2009

Vírus da Gripe A


Qual é a melhor técnica de lavagem das mãos?

Lavar as mãos frequentemente ajuda a evitar o contágio por vírus da gripe e por outros germes. Recomenda-se que use sabão e água, pelo menos durante 20 segundos. Quando tal não for possível, podem ser usados toalhetes descartáveis, soluções e gel de base alcoólica, que se adquirem nas farmácias e nos supermercados. Se utilizar um gel, esfregue as mãos até secarem e não use água.

domingo, agosto 09, 2009

ADEUS RAUL


Prece

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
que nenhum deus se lembre do teu nome
que nem o vento passe onde tu passas


Para ti criarei um dia puro
livre como o vento repetido
como o florir das ondas ordenadas



(Sophia de Mello Breyner)