domingo, julho 09, 2006

Eclipse lunar


Sem remédio

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

Florbela Espanca

1 comentário:

Marlon Francisco disse...

Gosto imenso de Florbela Espanca e dos seus belos sonetos! Foi sem dúvida uma mulher que revolucionou, embora de uma forma tradicional, a escrita portuguesa. Além disso foi ela que deu origem a grandes movimentos de igualdade sexual!

Novamente, parabéns pela brilahnte escolha! Um abraço.