terça-feira, maio 30, 2006

Intolerâncias Radicais -1/4

“Logo após assumir o poder, em Janeiro de 1933, Adolf Hitler começou a montar um sistema ditatorial caracterizado pela repressão a todos que não lhe fossem convenientes, pela perseguição aos judeus motivada por uma ideologia anti-semita e pela expansão militar e territorial.

A partir de 1930 o movimento nazista de Adolf Hitler adquiriu importância, aproveitando-se do descontentamento popular com as crises económica e política. O Partido Nacional-Socialista (NSDAP) era antidemocrático, anti-semita e de um nacionalismo exaltado. Com uma pregação pseudo-revolucionária, tornou-se a maior força política em 1932. Com a demissão de Franz von Papen, o último chanceler da República de Weimar, o presidente Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.
Nomeado chanceler do Reich em 30 de Janeiro de 1933, Hitler, que considerava o cargo apenas um passo para a tomada do poder absoluto, começou imediatamente a montar um sistema ditatorial. Desfez-se rapidamente dos aliados que permitiram sua ascensão, reservando-se plenos poderes. Através de uma lei aprovada pelos partidos burgueses, proibiu todos os agrupamentos políticos, com excepção do seu NSDAP. O Partido Social Democrata e o Partido Comunista foram dissolvidos e os demais, forçados à auto dissolução.
O incêndio do prédio do Reichstag (parlamento), em 27 de Fevereiro de 1933, logo atribuído aos comunistas, serviu de pretexto para a aprovação de leis que revogaram os direitos fundamentais, puseram fim à liberdade de imprensa e desmantelaram os sindicatos, principal esteio dos movimentos sociais contrários ao nacional-socialismo.

Repressão e anti-semitismo - Bildunterschrift: A partir de então, não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA, as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista. O esquadrão comandado por Heinrich Himmler, a SS (Schutzstaffel), começou a sedimentar sua posição especial no aparato repressivo. Qualquer tentativa de resistência era brutalmente sufocada. O regime perseguia impiedosamente não só adversários políticos - a começar por comunistas e social-democratas -, como todas as pessoas que não eram do seu agrado. Milhares foram presas e, sem qualquer processo judicial, internadas em campos de concentração construídos da noite para o dia.
Mal tomara o poder, o regime começou a pôr em prática seu programa anti-semita. Passo a passo, os judeus foram despojados de seus direitos individuais e civis, proibidos de exercer a profissão e de frequentar certos locais, expulsos de universidades, agredidos, forçados a entregar ou vender empresas e propriedades. Quem podia, tentava fugir para o exterior para se pôr a salvo das espoliações, injustiças e vexações.
A perseguição política e a ausência de liberdade de expressão e informação levaram milhares de pessoas a abandonar o país. A emigração forçada de inúmeros intelectuais, artistas e cientistas de renome representou uma perda irreparável para a vida cultural da Alemanha.
Militarização e recuperação económica - Bildunterschrift: Com a morte do marechal Paul Hindenburg em 1934, Hitler acumulou também a função de presidente. Sua política militarista tomava forma e as forças armadas passaram a prestar-lhe juramento como Führer (líder ou guia). Em 1935, foram declaradas extintas as restrições militares do Tratado de Versalhes, introduzindo-se o serviço militar geral e obrigatório, com o que se restabeleceu a soberania militar do Reich.
A frágil República de Weimar (de 1919 a 1932) não durou o suficiente para que o sistema liberal-democrático estabelecesse raízes profundas na sociedade alemã. O caos durante esse período deixou muitos alemães propensos à aceitação da ditadura nacional-socialista. Os violentos conflitos internos, manifestos em sangrentas batalhas de rua entre adversários políticos e o desemprego em massa haviam abalado a confiança do povo no poder do Estado. Hitler, porém, conseguiu dinamizar novamente a economia. Seu regime impôs uma combinação extremada de capitalismo e socialismo estatal, em que tanto os proprietários de grandes empresas como os operários se subordinavam ao controle do Estado e ao poder público totalitário. Dois planos quadrienais, iniciados em 1936, davam à economia um aspecto de guerra, com destaque para a produção de sintéticos. Programas de geração de empregos e a produção de armas levaram à diminuição do exército de desempregados. O fim da crise económica mundial favoreceu tal política. Os judeus foram sendo excluídos da vida económica, tendo seus bens confiscados em Novembro de 1938.

Política externa - No âmbito da política externa, Hitler também conseguiu impor seus objectivos, inicialmente. A pouca resistência encontrada foi fortalecendo a sua posição. Em 1935, a região do Sarre, até então sob a administração da Liga das Nações, foi reintegrada no território nacional. Em 1936, as tropas alemãs invadiram a Renânia, zona desmilitarizada desde 1919. A assinatura de um pacto com o Reino Unido, em 1935, permitiu o rearmamento naval da Alemanha até 35% do poderio britânico. Desmoronava, assim, todo o esquema de contenção da Alemanha, armado pelos franceses desde o fim da Primeira Guerra Mundial.
A guerra civil espanhola, iniciada em 1936, motivou um confronto entre esquerda e direita. Enquanto o governo republicano foi apoiado pela União Soviética, os rebeldes franquistas tiveram ajuda da Itália e da Alemanha. Os dois países aliaram-se em Outubro do mesmo ano, no eixo Roma-Berlim. Japão e Alemanha, por outro lado, haviam se unido no Pacto Anti-Komintern. Com a adesão da Itália a Este, em 1937, configurava-se a Tríplice Aliança, que se manteria até a Segunda Guerra.
O avanço para a formação do Terceiro Reich prosseguiu: em 1938, a Áustria foi anexada (Anschluss), com o que Hitler cumpriu o que fixara como um de seus primeiros objectivos no livro Mein Kampf (Minha Luta). As potências ocidentais permitiram que ele incorporasse ainda a região dos Sudetos, na Checoslováquia, em 1939, ano em que começou a Segunda Guerra Mundial.”

Extraído do site DW-WORLD. DE DEUSTSCHE WELLE

1 comentário:

joão disse...

No último comentário esqueci-me da letra "d".